
Você já parou para pensar em como a educação financeira é algo que a maioria dos brasileiros nunca teve a oportunidade de aprender? Não é surpresa que pesquisas mostrem que cerca de 78% das famílias no Brasil estão endividadas. Se você está livre de dívidas e ainda em algum saldo positivo, parabéns, você já está à frente da maioria. Mas a verdade é que guardar dinheiro na poupança não é o suficiente para garantir o seu futuro financeiro.
Agora, se você está endividado, você não esta sozinho. A culpa não é só sua. Ninguém nos ensina nas escolas como cuidar do nosso dinheiro, e, para ser honesto, o sistema não parece estar muito interessado que a gente aprenda. E, por mais triste que isso soe, existe uma lógica por trás disso: o sistema precisa de pessoas endividadas e com pouco dinheiro para que outras fiquem ricas. Mas vamos deixar essa discussão para outra hora.
Se o seu desafio agora é lidar com dívidas, o mais importante é trabalhar para quitá-las. Se o seu salário fixo não cobre essas despesas, buscar uma renda extra pode ser a chave. Muitos brasileiros descobriram que empreender, fazer freelances ou até mesmo vender algum produto pode ajudar a virar o jogo. E, quem sabe, esse caminho pode até te levar a ganhar mais do que no seu emprego formal.
Mas vamos ao que interessa: se você tem algum dinheiro parado no banco, provavelmente na poupança, é hora de repensar isso. A poupança, apesar de ser o destino mais comum para o dinheiro guardado, rende só 0,5% ao mês, o que é muito pouco. Deixar o dinheiro na poupança pode até parecer uma boa ideia, mas, na verdade, com o tempo, você está perdendo poder de compra.
Vamos pensar em algo que todo mundo conhece: o pão francês. Eu me lembro bem de quando eu tinha uns 15 anos e podia comprar 5 pães com apenas 25 centavos. Cada pão custava 5 centavos naquela época! Hoje, na maioria das padarias, o mesmo pãozinho custa quase R$2. Parece até mentira, né? Mas isso mostra uma coisa muito importante: o preço das coisas sobe, o que chamamos de inflação. E o dinheiro na poupança não acompanha esse aumento.
Se você tivesse guardado aqueles 5 centavos na poupança todos esses anos, hoje teria apenas 12 centavos. E sabe o que isso significa? Que você teria perdido dinheiro, mesmo “ganhando” juros. Porque com 5 centavos antes, você comprava 5 pães. Hoje, com 12 centavos, você não compra nem meio pão.
Agora, pense em um valor maior. Imagine que você conseguiu guardar R$50 por mês durante 15 anos. No total, você teria R$9.000 só de depósitos. Com os juros da poupança, isso subiria para R$14.500. Parece bom, certo? Mas se você tivesse colocado esse mesmo dinheiro no Tesouro Direto, por exemplo, com uma média de 8% de rendimento ao ano, teria hoje R$16.800. Ou seja, teria R$2.300 a mais, com a mesma segurança que a poupança oferece.
Agora, não estou falando de investimento ainda. Antes de qualquer coisa, precisamos discutir algo essencial: a sua reserva de emergência.
Vamos imaginar que você não tenha interesse em estudar sobre educação financeira, o que, a longo prazo, pode te fazer perder dinheiro. Mesmo assim, eu te digo: tire seu dinheiro da poupança agora. Procure uma instituição financeira confiável e invista no Tesouro Direto, especificamente no Tesouro Selic, ou em um CDB com liquidez diária. Esse será o seu colchão de segurança, aquela reserva que te dá fôlego em situações inesperadas, permitindo que você mantenha a calma e tome as decisões necessárias sem desespero.
Essa reserva precisa cobrir seu custo de vida básico. Estou falando das contas essenciais: água, luz, alimentação, e, claro, a internet. Seu objetivo deve ser garantir o suficiente para manter essas despesas por pelo menos 6 meses. Se possível, vá além e mire em 12 meses. Por exemplo, se todas essas contas somam R$2.000 por mês, você precisaria ter R$12.000 para sobreviver por 6 meses sem nenhuma renda. Esse é o seu primeiro objetivo.
Ao colocar esse dinheiro em um investimento seguro como o Tesouro Selic ou um CDB com liquidez diária, você já estará se protegendo da inflação, preservando seu poder de compra. Com o tempo, esse fundo de emergência vai te dar a segurança necessária para enfrentar os desafios da vida sem se desesperar quando surgir uma emergência financeira.
Isso significa mais tranquilidade e paz de espírito para encarar os problemas do dia a dia, sabendo que você está preparado para o inesperado.
Espero que essa pequena introdução tenha despertado sua curiosidade, especialmente se você ainda não começou a investir. O que abordamos aqui é apenas o começo, o primeiro passo antes do básico. Mas se isso te motivou a dar esse passo inicial, então posso dizer que a missão deste post foi cumprida com sucesso.
Trivia – termos novos para iniciantes
Liquidez: Liquidez é o termo que indica o quão rápido você pode ter acesso ao dinheiro investido. Quanto mais “líquido” for um investimento, mais rápido você consegue resgatar o valor sem perder parte dele. Você verá termos como D+0 ou D+1 em muitos investimentos, e isso significa o prazo que você leva para receber o dinheiro após solicitar o resgate. No caso do D+0, o dinheiro cai no mesmo dia, e no D+1, você recebe no dia seguinte. Para uma reserva de emergência, investimentos com liquidez imediata (D+0 ou D+1) são os mais importantes, já que você precisa acessar o dinheiro rapidamente em situações inesperadas.
CDB (Certificado de Depósito Bancário): CDB é um tipo de investimento oferecido pelos bancos. Quando você investe em um CDB, basicamente está emprestando seu dinheiro ao banco, que usa para financiar suas atividades. Em troca, você recebe juros sobre esse valor. Existem CDBs com diferentes prazos e condições de liquidez. O ideal para uma reserva de emergência é procurar por um CDB com liquidez diária, para garantir que você pode resgatar o valor a qualquer momento, caso precise.
Selic: A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela serve como referência para os juros de vários tipos de empréstimos e investimentos. Quando a Selic sobe, os rendimentos de certos investimentos, como o Tesouro Selic, também aumentam. Ela é considerada um termômetro da economia e influencia diretamente os investimentos mais seguros, como o Tesouro Direto.