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Uma Antiga Filosofia que Resgata o Controle de Sua Vida

Nunca revele o segredo dos Outros

O que é contado em confiança deve permanecer em segredo. Trair a confiança semeia sementes de discórdia e destrói os relacionamentos.

Não revele todos os seus planos

Nem todos desejam o seu sucesso. E ao compartilhar seus planos com qualquer um, você pode atrair obstáculos desnecessários. Deixe que suas ações falem por si mesmas.

Evite compartilhar suas queixas pessoais

Espalhar negatividade não resolve conflitos. Busque reconciliação ou perdão, mas não espalhe veneno.

Não se vanglorie dos seus atos de bondade

A verdadeira generosidade não busca recompensa ou reconhecimento. Deixe que suas ações criem ondas de boa vontade invisíveis, mas profundamente sentidas. Essas ondas podem não ser sentidas por todos, mas as pessoas certas as sentirão.

Abstenha-se de discutir os erros ou defeitos de terceiros

Isso é um hábito destrutivo, que leva ao orgulho e ressentimento. Busque compreender e ter empatia, pois todos somos imperfeitos.

Nunca expresse seus medos sem motivo

Expressá-los sem filtro dá poder aos outros sobre você. Enfrente-os com coragem.

Evite falar sobre sua riqueza ou posses

Elas não definem seu valor ou caráter. A verdadeira riqueza está no coração e na mente.

Se esses sete princípios apresentados anteriormente lhe fizeram acreditar que este é um post sobre religião, é compreensível, embora equívoco. Eles guardam, de fato, uma profunda ressonância com valores religiosos, pois são preceitos universais que se encontram em diversas tradições espirituais. Contudo, o que estamos discutindo aqui é uma filosofia de vida — uma forma de pensar, agir e, talvez, de vigiar a si mesmo. Estes princípios são conceitos que, de certa forma, todos nós reconhecemos como desejáveis, que intuitivamente sabemos serem virtuosos, mas que, não raro, falhamos em aplicar no cotidiano. Essa inabilidade de vivê-los de maneira consistente é compreensível, embora a negligência em segui-los ou, pior ainda, agir de maneira contrária, possa ser profundamente prejudicial a nós mesmos.

Tudo o que será explorado neste post tem suas raízes no Estoicismo — uma filosofia que defende a virtude, a razão e a harmonia como caminhos para a verdadeira felicidade. Alguns desses conceitos podem parecer exigentes à primeira vista, difíceis de implementar em nossa rotina. No entanto, na essência, eles não são tão inalcançáveis quanto parecem. Ao contrário, a prática do Estoicismo não só pode trazer uma vida mais plena e significativa, como talvez até mesmo prolongá-la, visto que a ciência já demonstrou que momentos de estresse não geridos aceleram a degradação do nosso organismo.

É uma filosofia que não nos promete isenção de dificuldades, mas oferece a clareza para enfrentá-las com serenidade, e o entendimento de que o verdadeiro controle reside apenas em como escolhemos reagir àquilo que nos acontece.

O estoicismo valoriza quatro virtudes principais, que são conhecidas como as “virtudes cardinais“. Essas virtudes são fundamentais para a prática da filosofia estoica e orientam como alguém deve agir e viver em busca de uma vida virtuosa e plena. As quatro virtudes do estoicismo são:

  1. Sabedoria (Prudência) Refere-se à capacidade de discernir o que é certo e agir de maneira racional. Sabedoria é essencial para viver de acordo com a razão e tomar boas decisões. Para os estoicos, isso implica compreender o que está sob o nosso controle e o que não está, e usar o conhecimento de maneira prática em nossa vida diária.
  2. Coragem (Fortaleza) Coragem é a virtude que nos permite enfrentar adversidades e medos de maneira racional. Não se trata apenas da coragem física, mas também de enfrentar os desafios da vida, as dores e as dificuldades emocionais sem deixar-se abater. Para um estoico, a coragem está profundamente ligada à capacidade de agir conforme a virtude, independentemente dos desafios ou das consequências.
  3. Justiça Justiça é o valor de fazer o que é certo, não só em relação a si mesmo, mas também em relação aos outros. Significa tratar todas as pessoas de forma equitativa e respeitar a comunidade. Os estoicos acreditavam que todos somos parte da comunidade humana e que devemos nos guiar pela bondade, benevolência e compromisso com o bem-estar coletivo.
  4. Temperança (Moderação) A temperança é a virtude do autocontrole e da moderação. Envolve evitar excessos e buscar um equilíbrio em todas as áreas da vida. Isso inclui controlar os desejos e evitar ser levado por emoções intensas, como ira, inveja, ou luxúria, sendo capaz de manter a mente tranquila e racional.

Essas quatro virtudes são a base do comportamento ético estoico, e um praticante do estoicismo tenta agir de acordo com essas virtudes em todas as circunstâncias, buscando a vida plena e feliz.

Princípios Estoicos Importantes

Além das quatro virtudes cardinais mencionadas anteriormente, o estoicismo possui princípios adicionais fundamentais que ajudam a guiar uma vida virtuosa e serena. Vamos explorar alguns deles:

  1. Dicotomia do Controle Um dos princípios mais importantes do estoicismo é a Dicotomia do Controle. Ele nos ensina a diferenciar entre o que está sob nosso controle e o que não está. Devemos nos concentrar nas ações e decisões que podemos influenciar, enquanto aceitamos serenamente aquilo que não podemos mudar. Esse é um ensinamento poderoso que ajuda a diminuir a ansiedade e o estresse diário.
  2. Amor Fati (Amor ao Destino) O conceito de Amor Fati significa aceitar tudo o que acontece como algo necessário e até mesmo desejável. Em vez de resistir ao curso dos eventos, devemos abraçá-los como parte da ordem natural, vendo o lado positivo até mesmo nas adversidades. Essa prática traz resiliência e paz interna, pois nos permite enxergar valor em todas as experiências, sejam boas ou ruins.
  3. Premeditação dos Males (Premeditatio Malorum) Os estoicos sugerem que devemos, ocasionalmente, imaginar os piores cenários possíveis para nos prepararmos emocionalmente. Essa prática, chamada de Premeditatio Malorum, ajuda a reduzir o medo do desconhecido e a lidar com os desafios com mais tranquilidade, já que a mente se torna menos suscetível aos choques da imprevisibilidade.
  4. Memento Mori (Lembre-se da Morte) Memento Mori é uma prática que nos lembra da transitoriedade da vida. Ao meditarmos sobre a morte, não de forma mórbida, mas de maneira reflexiva, aprendemos a valorizar o presente e a aproveitar ao máximo o tempo que temos. Esse conceito nos encoraja a agir agora e a viver uma vida que julgamos significativa, pois a finitude da existência é certa.
  5. Virtude como o Bem Supremo Para os estoicos, a virtude é o maior bem, e toda a nossa busca na vida deve se concentrar em ser virtuoso. A riqueza, a fama, ou até mesmo a saúde são considerados bens secundários; se obtidos à custa da virtude, não têm valor algum. Isso nos ensina a não comprometer nossos valores em troca de benefícios temporários.
  6. Simplicidade e Autossuficiência O estoicismo valoriza a simplicidade e a capacidade de ser autossuficiente. Os estoicos acreditavam que a felicidade não vem de coisas externas, mas do nosso próprio caráter e da maneira como respondemos ao mundo ao nosso redor. Aprender a se contentar com pouco, cultivar um estilo de vida simples e independente é um dos caminhos para a verdadeira liberdade.
  7. Prática da Empatia e o Papel na Comunidade Os estoicos também enfatizam o papel do ser humano como um ser social. Marco Aurélio frequentemente falava sobre a importância de colaborar com os outros e reconhecer que fazemos parte de uma comunidade maior. Essa empatia nos leva a praticar a justiça e a tratar todos com respeito, lembrando que somos parte de uma coletividade.
  8. Treinamento Diário (Exercitium) O estoicismo envolve práticas diárias para manter a mente disciplinada. Isso inclui reflexões matinais e noturnas, quando se prepara o espírito para os desafios do dia e, ao final, se reflete sobre as ações praticadas. Esse processo de autoavaliação constante é fundamental para o crescimento pessoal e para corrigir erros ao longo da jornada.

Nomes notáveis do Estoicismo

Ao longo do tempo existiram várias personalidades que disseminaram esse “conhecimento”, são filósofos importantes que promoveram e desenvolveram o estoicismo ao longo da história. Aqui estão alguns dos mais notáveis:

Epicteto:

Epicteto foi um escravo libertado que se tornou um dos maiores mestres do estoicismo. Seus ensinamentos foram registrados por seus discípulos e têm como foco a ideia de que não controlamos os eventos externos, mas podemos controlar nossa reação a eles. Suas lições sobre autocontrole e serenidade diante das adversidades continuam sendo uma inspiração para quem busca viver de acordo com a razão.

Marco Aurélio:

Marco Aurélio, imperador romano, é um dos filósofos mais conhecidos do estoicismo. Seus escritos em “Meditações” são um registro pessoal de reflexões estoicas e mostram como ele aplicava os princípios filosóficos em sua vida e em seu papel como governante. Ele enfatizava a importância de agir de acordo com a virtude, mesmo em meio às pressões e responsabilidades do poder.

Sêneca (Lucius Annaeus Seneca):

Foi um filósofo estoico, estadista e dramaturgo romano. Seneca escreveu extensivamente sobre ética, moralidade e como lidar com emoções difíceis. Em suas cartas (como “Cartas a Lucílio”), ele compartilha conselhos sobre como viver uma vida virtuosa. Ele era tutor do imperador Nero, embora sua vida tenha sido marcada por ironias, dado o comportamento do imperador.

Zenão de Cítio:

Zenão foi o fundador do estoicismo. Originalmente um comerciante, ele fundou a escola estoica em Atenas por volta de 300 a.C. Seus ensinamentos sobre viver de acordo com a natureza e a virtude influenciaram profundamente o desenvolvimento do estoicismo. Ele ensinava seus discípulos no Pórtico Pintado de Atenas, conhecido como “Stoa Poikile” — daí o nome “estoicismo”.

Crisipo de Solis:

Sucedendo Zenão, Crisipo foi o filósofo que organizou e sistematizou muitos dos ensinamentos de Zenão, sendo muitas vezes considerado o segundo fundador do estoicismo. Ele desenvolveu a lógica estoica e defendeu a ideia de que a razão é a característica mais importante da natureza humana. Crisipo escreveu extensivamente, embora muitos de seus textos não tenham chegado aos dias de hoje.

Musônio Rufo:

Musônio era um filósofo estoico romano, professor de Epicteto e uma figura proeminente na disseminação dos ensinamentos estoicos em Roma. Ele enfatizava a importância de praticar a virtude em todos os aspectos da vida cotidiana, desde as atividades mais mundanas até as decisões mais significativas.

Cleantes de Assos:

Discípulo de Zenão e sucessor dele como líder da escola estoica. Cleantes também teve um papel importante no desenvolvimento do estoicismo, e ficou conhecido por seus ensinamentos sobre a necessidade de viver em harmonia com a razão e a natureza. Embora ele não tenha deixado tantos escritos quanto outros estoicos, sua influência na formação da filosofia estoica é significativa.

Hierocles:

Hierocles foi um estoico menos conhecido, mas suas ideias sobre a fraternidade universal e o conceito de círculos concêntricos, que envolvem o autocuidado e o cuidado com os outros, foram muito importantes para definir o caráter social e ético do estoicismo.

Características dos Ensinamentos Estoicos

Os estoicos acreditavam que a virtude é o único bem verdadeiro e que o sofrimento e as dificuldades da vida são oportunidades para cultivar o caráter e viver de acordo com a natureza.

Um dos ensinamentos mais centrais dos estoicos é que devemos focar no que está sob o nosso controle e aceitar com serenidade o que não está. Isso inclui as reações dos outros, eventos externos e os próprios sofrimentos inevitáveis da vida.

A dicotomia do controle, como era ensinada por Epicteto, é uma das lições principais: concentre-se no que você pode controlar e aceite o resto com tranquilidade.

Estas virtudes e figuras definem o estoicismo como uma filosofia prática e voltada para a ação, incentivando uma vida guiada pela razão e pela excelência moral, independentemente das circunstâncias externas.

Este é o porque Você deveria aplicar o estoicismo em sua vida!

É interessante observar como os ensinamentos estoicos convergem bastante com muitos ensinamentos da Bíblia. Ambos promovem valores como autocontrole, coragem, justiça, e a busca pela virtude. No entanto, enquanto o estoicismo é uma filosofia profundamente fundamentada na razão, na lógica e na ciência da consciência, os textos bíblicos frequentemente apelam a um contexto de fé e relação espiritual com o divino.

Os estoicos, como Epicteto e Marco Aurélio, não se preocuparam em comparar diretamente seus ensinamentos com a religião, pois o foco do estoicismo sempre foi a vida prática e racional. Contudo, a semelhança entre as mensagens é evidente e nos mostra que, independentemente de origem religiosa ou filosófica, há valores universais que transcendem o tempo e o contexto cultural.


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